07 julho 2007

baú (1): velharias pro leitor se divertir enquanto termino a minha tese

O rio corre tranqüilo
sem pressa de chegar
porque o caso não é chegar
a vida do rio é correr
quando chega é mar

(São Luiz do Paraitinga, set/04)

...

Dissipado

Quero me dissolver na multidão
Andar a esmo pelas ruas
Até que não sobre sequer vestígio de mim
Quero esquecer quem eu sou
Deixar a barba crescer até os pés
Ter o olhar perdido no infinito
E as crianças a me temer
Não quero ninguém vestido de preto
Nem buscas na vizinhança
Não haverá corpo
Nunca terá havido
Nem corpo, nem alma
Não me esquecerão
Porque nunca terei existido

(São Paulo, set/04)

...

um vento urbano me sopra
murchando flores
abrindo as portas
pendurando-me no ônibus
sinto falta das árvores
colho olhares
sinto-me um caramujo
umbigado em meus pensamentos
ouço através dos barulhos da cidade
por entre as buzinas
tem um bomba no centro
pronta a explodir acordes
de uma velha guitarra
vai explodir depois da chuva
ou quando passar esse calor
pensei ter visto um beija-flor
no décimo andar
mas foi só impressão
me fugiu.

(São Paulo, nov-04)


3 comentários:

Anônimo disse...

noosssa pedro.
faz tempo que eu não via um baú tão repleto de relíquias! fiquei parada lendo e relendo muitas vezes! adorei.
boa sorte com a tese.
tô com os dedos cruzados.

beijos.

Denis Forigo disse...

Pedro, gostei bastante dos teus poemas. Sorte ai em Recife(?). Abraço, Denis.

Lia disse...

opa:
*fazia tempo.
eita falta de concordância.