30 março 2014

Galope na beira do lago


Se o lago que tudo alaga
Pela sanha da alma branca
Alagasse o Plano Piloto
Alagasse a Zona Franca
Inundasse o Morumbi
Ou a Barra da Tijuca
Ilhasse o morro da Urca
Quem sabe cada família
Pensasse que o dinheiro
É uma forma de energia
Que por onde passa cria
Tanta necessidade vã
Que lá no Madeira mata
Tambaqui e matrinxã
Adoece gente sã
E chega ao Tapajós
Bem longe dos daqui
Matando cada um de nós
Munduruku e Kayabi
caboclo e mameluco
onça, anta e macuco
E gente que pensa no lucro
Minério pra exportação
Diz que é pro bem da nação
Que a cheia bate recordes
Pela energia que abunda
Às custas da vida que inunda
Pergunto a um índio ancião
Em desespero quase vão:
A cobra grande não morde
Num lago de águas profundas?

01 janeiro 2014

De orelha

Na orelha de Deleuze
eu li
Poema nômade
Miração
eu vi
imagens de cera derretiam
da orelha de Guatarrí