26 junho 2007
tese 1
17 junho 2007
sem título
Vê se esquece
O que não mata, fortalece
Vê se acorda
O que não mata, engorda
Vê se endireita
A vida não é frase feita.
untitled
She weaves her web like a spider
She roams like a gypsy mother
It looks like her life’s harder
Fragile like a coral garden
Feeling like an outsider
Living by the border
My lover
12 junho 2007
fluminense
sem título
Abri os olhos e a claridade me apertou nos olhos.
Chacoalhei os modos
Um amanhã me invadiu
Foi quando gostei de ti
Deitada ao meu lado
E o resto eram só.
...
Foi no dia que cansei das reticências.
firma
Ganhei um presente. Digamos, um instrumento de trabalho. Trabalho numa sala com cadeira de escritório, mesa de escritório, computador de escritório. Pois. Encontrei sobre a mesa uma pequena caixa de papelão. Abri, curioso. Era um pequeno objeto plástico com meu nome grafado. Um calafrio me percorreu a espinha. Tomei uma folha de rascunho e sobre ela comprimi o objeto. Um discreto ruído nas engrenagens internas à capa plástica seguiu-se à minha pressão. Lá estava, sob meus olhos, meu nome impresso na folha de papel, em tinta preta. Não só um nome, mas uma série de três siglas separadas por barras e um cabalístico número de matrícula. Era eu: funcionário público completo, portador de um indispensável carimbo.
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Meu pai fazia gosto que eu fizesse agronomia, trabalhasse na Embrapa, como ele. Eu, dezessete anos, meia dúzia de espinhas, “On the road” debaixo do braço e uma fita cassete dos Dead Kennedys no walkman. Retruquei na bucha: não quero ser um burocrata. Seu Maciel magoou-se de tal forma com minha rebeldia gratuita (nunca achei que meu pai fosse um burocrata) que rogou a praga: ainda me veria atrás de uma mesa de escritório a carimbar papéis.
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Outro dia disse a uma colega de trabalho, em um rompante de anarquismo, que eu era livre por princípio, ninguém mandava em mim. Ela me olhou com ironia e riu-se. E fomos juntos a uma reunião burocrática.
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O carimbo permanece não usado sobre minha mesa (só o usei quando levei pra casa e fiz uma graça). Às vezes fico olhando para ele, observando sua engenhosa estrutura de almofada interna. Nestes momentos olho também para o computador, neo-carimbo da neo-burocracia. Enquanto isso, procuro, se não uma liberdade de fato, ao menos uma liberdade em processo: devir-liberdade. Que venha. Se precisar, carimbo em três vias e reconheço firma.