05 setembro 2007

anthropological dark blues experience

Vivo no pós-mundo onde bob dylan janis joplin jimi hendrix estão no livro didático da escola do pós-seringal ensinados por professores fãs da novela das oito com ares de politicamente correta.

Vivo no pós-mundo de hippies punks guerrilheiros semivivos nos livros de história. totens de um futuro do pretérito. mais que consumíveis: consumidos.

Vivo no pós-mundo onde não há diferença entre bob dylan e novela das oito. são todos produtos importados apresentados aos moleques num ar cheirando a queimada crack incenso shopping center.

Vivo no pós-mundo
do amor fugaz
dos calmantes
Dos anti-depressivos.
Da guerra mal disfarçada de multiculturalidade.
Do controle remoto: encontros desencontros reencontros.
Dos ricos do jet set/ dos pobres do trecho:
ainda ricos/ ainda pobres.

Da casa sem grades da comunidade ribeirinha, ouço um hino evangélico a cem metros de distância. o sol mais quente/ o rio mais seco. comi jabuti pato galinha apresuntado em lata. assisti ao penúltimo capítulo da novela da outra emissora- a crente. ao som do gerador tiroteio mimético em favela-cenário. os olhos das crinaças do pós-seringal brilhavam de emoção à queda dos bandidos metralhados e do comercial de leite condensado.

Dia desses eu ouvia bob dylan em mp3 anestesiado pendurado num ônibus lotado do recife.
Hoje molhei os pés na canoa que fazia água no rio juruá, mariscando.

Meu lugar não é aqui, não é lá. É no caminho. Se é que há.

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