O viagra agravou a greve do vigário
O rico roeu a renda do pé-rapado
Tanto já falaram do sertão que cansei. Fui ao sertão. Ceguei-me, suei, amoleci o corpo. Lambuzei-me de umbu e carne de bode. Muito vi. Pouco falei. Pus-me dentro de mim, sertão de Riobaldo. Agora pois, escrevo. O sertão não me pertence. De sertão, às vezes padeço. E esqueço. Vastidão, carrasco e veredas. Um rio que morre antes do mar. Barreiro. Tanto falaram do sertão que nem sei. Voltei do sertão. Cheguei. Longe dos espinhos, esqueci do que deixei. Galhada seca, calei. Fulora? Quando chover, saberei.
Cadê Geraldo?
de Pulião?
Saiu bem cedo
Pelo portão.
Cadê Geraldo?
O folião?
Tava na praça
Chapéu na mão.
Eu vi Geraldo
De bicicleta
Levando um doce
Pra sua neta.
Eu vi Geraldo
Com o Festeiro
Batendo tambor
No Alto do Cruzeiro.
Eu vi Geraldo
Como menino
Guardando o Império
Na Festa do Divino.
Cadê Geraldo?
Que não vi mais?
Tá lá na frente?
Vortô pra trás?
Eu vi Geraldo
Agora mêis
Foi se encontrar
c'os Santos Reis.
Se vi Geraldo?
E seu chapéu?
Ele sorria
Subindo ao céu.
A primeira, lá
A segunda, aqui
A terceira virá
A primeira é cor
A segunda é som
A terceira:
Quem será?
A roupa sua no varal
A roupa suja no cesto
O teto da cozinha: pinga
A gata se esconde no armário
O fundo do quintal: lama
Parede do banheiro: mina
A cidade-estuário se afoga
Congestionamentosmentosmentos
Vidros fechados, embaçados
Viroses
Bicicletas, capas de chuva
Leptospiroses
Eu, cachorro molhado
Coleção outono-inverno