(A Bob Dylan)
Saí de casa com pressa
Desci a ladeira atrasado
Pensamentos perseguindo minha manhã
No muro do mercado Eufrásio
Passei ao lado do leão pintado
Comendo uma lata de goiabada Leão
O café feito petróleo
Engolido em um só trago
Dessa vez não me queimou o estômago
Mas também não me acordou
O ponto estava cheio
E o coletivo abarrotado
Não parou quando acenei
Olhei no pulso sem relógio
Respirei fumaça com a velha do meu lado
Reclamando do preço da passagem
Então mandei às favas
Meus carimbos e formulário
Meu café de escriturário
Minhas intrigas de horário comercial
Atravessei a Sigismundo
Sentei na beira do mar
E te materializei
Bebendo um mate no silêncio velado dos milagres